Por várias razões (inaptidão social, doença psiquiátrica, laxismo,
you name it...) tenho uma capacidade inesgotável de ... tampas, dar tampas.
Convive comigo, pois! , este sentimento eterno de culpa por ser desorganizada, não usar relógio e ter sempre - por norma lá da pedreira! - o telemóvel no silêncio.
A este facto inalienável, e para mitigar o meu remorso, recorro à minha imaginação para ser desculpada, perdoada, qualquer-coisa-enfim-nem-que-seja-tolerada... Uma das últimas, que me lembro (porque a memória também não é das mais famosas) foi fingir-me de estafeta de florista e entregar o mais bonito ramo de flores que consegui construir. (E sim, empastelei o cabelo de gel e até imprimi recibos da florista, para atestar a entrega!).
O meu problema hoje é bem mais sério.
As sextas-feiras são normalmente bons dias. São prenúncio de dias melhores e normalmente tenho reservas de adrenalina que duram e duram e duram.
Excepto ontem.
Ontem, adormeci.
Algures, entre as 19h e as 20h, apaguei. E só sei que apaguei, no sofá de dois lugares, porque acordei pouco depois da meia-noite, com sede e - voilá! - dores de pescoço.
Arrastei-me para a cama, anestesiada de sono.
Hoje, acordei na hora do almoço.
Com uma mensagem no telemóvel.
E agora estou de mal comigo.
Não me vou falar nos próximos dias, para ver se aprendo.
Vou cortar esta relação umbilical, amuar, não me atender os telefonemas nem responder aos emails.
E esperar que eu melhore no próximo ano.
Afinal. Alguém tem de me dar uma lição.