it don´t mean a thing if it ain´t got that swing. duke ellington

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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Meu Amor Ignoto


Se tu quisesses, meu amor, podias sentar-te ao pé de mim que eu não me importava.
Eu dar-te-ía o meu lanche e depois jogaríamos à macaca.

Podiamos fingir que éramos namorados. Eu não me importava, meu amor.
Escondíamo-nos do abecedário, no roseiral da casa da minha tia. E fugiríamos para longe. Onde ninguém nos encontrasse. E casávamo-nos. Meu amor.

Tu levavas as alianças dos teus pais, eu usava o vestido de noiva da minha mãe. Com grinalda.
Depois fingiamos que não conheciamos o mundo e os nossos filhos não iríam à escola.

Mas tu foste embora. E eu nunca mais te vi, meu amor.

Se um dia voltares, eu à mesma correrei para os teus braços. Para curar as feridas que os homens grandes fizerem. Nem que tenha de lutar com serpentes de oito braços.

Quando foste embora, meu amor, eu chorei. Todos os dias, todas as noites. Não tenho mais lágrimas, agora. Mas se um dia, meu amor, voltares, eu estarei à tua espera. A regar o musgo das sombras. No roseiral da casa da minha tia, por detrás dos sussurros.

Envia-me uma flor, meu amor, e eu irei contigo.


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